Quatro estudantes de direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) foram demitidos de estágios em escritórios de advocacia. Tatiane Joseph Khoury, Arthur Martins Henry, Matheus Antiquera Leitzke e Marina Lessi de Moraes aparecem em vídeo que viralizou nas redes socias por atos racistas e aporofóbicos.
Nas imagens, é possível ver que eles chamaram estudantes da Universidade de São Paulo (USP) de “cotistas” e “pobres”. O caso ocorreu nesse sábado (17/11), durante uma partida de handebol nos Jogos Jurídicos Estaduais, em Americana, no interior do estado.
Notas dos escritórios que desligaram estudantes da PUC-SP
Em nota oficial enviada ao Metrópoles, a empresa Machado Meyer Advogados comunicou que “alinhada com os seus valores institucionais e o seu compromisso inegociável com a promoção de um ambiente inclusivo e respeitoso” decidiu pelo desligamento de Marina Lessi de Moraes.
O escritório Tortoro, Madureira e Ragazzi confirmou que Matheus Antiquera Leitzke foi demitido.
- “Não toleramos, por parte de nossos profissionais, qualquer prática de atos de racismo ou qualquer tipo de preconceito contra quem quer que seja”, apontou.
O Castro Barros Advogados, que desligou Arthur Martins Henry, repudia quaisquer práticas discriminatórias. No mesmo sentido, a firma Pinheiro Neto Advogados lamentou o caso e garantiu que Tatiane Joseph Khoury não integra mais a equipe:
- “O escritório reitera que não tolera e repudia racismo ou qualquer outro tipo de preconceito”.
Repercussão do caso
Os gritos preconceituosos estão registrados em conteúdos postados na internet. O Centro Acadêmico XI de Agosto, representante dos alunos da Faculdade de Direito da USP, destacou, em nota, que foi “surpreendido com espanto, indignação e revolta com o episódio criminoso de ofensas racistas e aporofóbicas proferidas por alunos da Faculdade de Direito da PUC-SP contra franciscanos”.
De acordo com a instituição, trata-se de uma violência contra toda a comunidade franciscana. “É nas academias de direito que se formam os profissionais que deveriam operar contra as injustiças, injúrias e preconceitos de classe e raciais, mas não é essa a realidade”, completou.
Além disso, a reitoria da PUC-SP determinou à Faculdade de Direito a apuração dos fatos, com o rigor necessário. A universidade assegurou, em comunicado, que os envolvidos devem ser responsabilizados e conscientizados. “Manifestações discriminatórias são vedadas pelo Estatuto e pelo Regimento da Universidade, além de serem inadmissíveis e incompatíveis com os princípios e valores de nossa instituição”.
Investigação
Procurada pelo Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) instaurou um inquérito policial para apurar os possíveis crimes cometidos pelos estudantes da PUC-SP nos jogos universitários. “As vítimas estão sendo ouvidas, e os vídeos apresentados estão sob análise da equipe de investigação”, assegurou a pasta.