![assédio mulher violência abuso](http://imguol.com/c/noticias/3c/2021/09/29/assedio-mulher-violencia-abuso-1632926007625_v2_900x506.jpg)
Ser mulher é compreender que o lugar menos seguro do mundo é a nossa casa.
A residência é o espaço de maior risco para as mulheres: "53,8% das mulheres que sofreram violência afirmaram que o episódio mais grave dos últimos 12 meses ocorreu em casa." Quem afirma o dado perverso é o novo Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
O estudo também diz que o percentual apresentou um aumento de mais de 10 pontos percentuais em relação à primeira edição da pesquisa, realizada em 2017, quando 43,3% das mulheres responderam terem sido vítimas de violência em suas residências.
Quando fazemos o recorte para crianças e adolescentes, o número ganha contornos ainda mais grotescos.
"A maioria dos casos de estupros de crianças e adolescentes até 13 anos é cometida por familiares (64,4%) ou algum conhecido (21,6%), principalmente na própria residência (71,6%) das vítimas".
Os paranoicos que insistem em falar em ideologia de gênero e em professores doutrinadores querem justamente esconder esses dados criando um delírio doentio que visa desviar da realidade.
Seria o caso de nos perguntarmos por quê.
Educação sexual nas escolas é educação que visa prevenir violências domésticas. É necessária e salva vidas.
Talvez devêssemos mudar o nome "educação sexual", tão abusado por ideologias de direita e extrema direita, para "educação para prevenir violências".
Os que repetem o engodo de que em todos os casos são os pais sabem e fazem o melhor por seus filhos estão fazendo uso de uma mentira para perpetuar uma dimensão abominável da cultura da sexualidade masculina, que é pedófila desde a base.
Qual o interesse dessas pessoas mentindo e desviando o assunto? Por que querem impedir que a verdade alcance a maioria?
Saber que a casa é o lugar menos seguro para uma criança estar deveria dilacerar todos e todas nós.
por Milly Lacombe
Colunista do UOL